Em maio de 2020, o Amazon Prime Video lançou Upload, uma série que discute a vida após a morte. A série mostra um futuro distópico onde os mais ricos, claro, tem a opção de fazer o seu “além” personalizado. Com um jeitão de The Sims, quem faz o upload tem direito de escolher o clima, suas roupas, comida e mais uma infinidade de opções dentro de um sistema de servidores. Tudo isso, sendo pago e controlado pelos vivos. E é aí que tudo começa a ficar um pouco complicado nessa relação entre o paraíso e o mundo dos vivos.
A história da série lembra muito o episódio “San Junipero” de Black Mirror. A história se passa no ano de 2033 e é mostrado que a tecnologia evoluiu muito a ponto de se que um “paraíso digital” é o que mais atrai as pessoas a assinarem os planos da empresa de tecnologia que oferece o serviço para quem acaba morrendo. Porém, como dito anteriormente, o público alvo são pessoas ricas, que podem pagar o processo e a manutenção do seus ente querido no sistema.
E esse fato motiva o protagonista Nathan Brown(Robbie Amell) que é um programador que junto com um amigo, desenvolve um projeto que promete dar mais acessibilidade ao paraíso para as pessoas. Porém, um problema surge no meio do caminho: Nathan sofre um acidente e acaba morrendo, sendo enviado para o universo de Lakeview.
A partir daí vemos o desenvolvimento dos personagens. O que a série faz muito bem, visto que alguns conteúdos de ficção científica pecam. No melhor estilo Good Place, o protagonista acaba construindo uma trajetória romântica quando ele se apaixona por sua “Anjo”, Nora (Andy Allo), espécie de assistente que está ali para ajudá-lo. E o amor correspondido acaba criando dinâmicas interessantes quando Nathan se dá conta de que não vivia uma vida feliz ao lado da sua namorada (Allegra Edwards) e do seu emprego.
Para completar, algumas memórias suas começam a ser deletadas, o que empenha ele e a sua anjo a desconfiarem que além de ele tenha sido assassinado, alguém poderia estar tentando apagar os rastos.
Outro fato que move a história é o fato de que aqueles que não puderem pagar a taxa e os dados ilimitados necessários para manter este estilo podem optar por um plano de 2 GB limitado e isso equivale a ficar na “prisão”. Tal fato prova que a ética capitalista cruel está disposta a ser um grande equalizador que favorece os ricos até mesmo no “além”.
Mais um ponto positivo da série é construir piadas excelentes baseadas na nossa própria liquidez amorosa e social. Por exemplo, o Tinder na série, tornou-se também um aplicativo de avaliação póstuma ao ato sexual e os usuários podem dar estrelas um para o outro com base no rendimento.
Talvez o maior acerto de Upload, levando o show a ser uma das melhores séries de comédia do ano, é o bom balanço entre suas temáticas. Além de contar com o número certo de episódios, com a duração ideal, as piadas, as sacadas de inovações tecnológicas e o teor cômico sabe se intercalar muito bem com o mistério principal que ronda a trama.
Nota do Dedey: 4,5/5,0