MULTIVERSO DO PEDROCA – BATMAN O CAVALEIRO DAS TREVAS RETORNA

13 de setembro de 2015

Olá caros amigos dudes, a pedidos do meu querido companheiro do THE DUDES NETWORK Gustavo Kronemberger, cá estou eu falando sobre uma das maiores obras primas dos quadrinhos de todos os tempos, da época que Frank Miller ainda não tinha “cagado tudo”, a HQ que elevou o Batman a um novo patamar, similar ao que foi feito com o demolidor: BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS.

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SINOPSE: “Escrita e desenhada por Frank Miller, a história, mostrando um Cavaleiro das Trevas envelhecido e amargurado voltando à ativa após anos de aposentadoria, ultrapassou as fronteiras do que se convencionava considerar ‘histórias em quadrinhos’, estabelecendo novos parâmetros, tanto em narrativa como em temática, e influenciando tudo o que veio depois.”

Pra começar, devo dizer que (óbvio) eu gosto muito dessa história, porque, modinhas a parte, o Batman é definitivamente um dos grandes personagens dos quadrinhos, tanto por seu lado surreal quando pelo seu lado real, que ficam muito bem casados nas histórias, dando esse ar ao mesmo tempo trágico e heróico para o personagem.

Mas falando da história em si, a mesma se passa cerca de 30 anos após o Batman se aposentar, mostrando um Bruce Wayne velho e bigodudo, aposentado e indiferente quanto a situação de Gotham,que, como em toda HQ que retrata o futuro, está acabada, com a violência tomando conta da cidade, uma gangue chamada “os mutantes” (não os da Marvel), domina a cidade sem pena, com seu líder ameaçando todas as figuras de autoridade da cidade, incluindo o já quase aposentado comissário Gordon, que na história sabe que Bruce Wayne era o Batman e regularmente se encontra com ele pra relembrar os velhos e bons tempos, em que tudo era mais simples.

Pulando um pouco a história, uma noite, Bruce está vendo televisão em casa quando, mudando o canal, para em um que está passando o filme do zorro, o mesmo do dia em que seus pais foram assassinados, nesse momento, ele tem uma epifania e percebe que a cidade sempre iria precisar dele e do símbolo do morcego, para aterrorizar os bandidos e botar ordem na casa.

Uma das características mais marcantes da HQ é como ela retrata a mídia em relação às atitudes do Batman, com a mídia sempre dividida entre o lado que é contra o Batman, e culpa ele pelos problemas da cidade, e o lado que é a favor dele e considera ele a solução milagrosa para a situação calamitosa de Gotham.

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Outro ponto que vale ser lembrado aqui é a mudança que a palheta de cores do personagem sofre no decorrer das edições, como por exemplo o seu uniforme, que começa com aquele clássico com capuz azul e o morcego preto em fundo amarelo, e passa pra um uniforme cinza com capuz preto e um morcego bem grande, retangular e preto no peito. Além disso, suas feições passam de mais suaves e cansadas para mais selvagens e animalescas a medida que a sombra do Batman volta a cobrir a cidade tomada pelo crime.
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Uma parte importante da história é a narração em primeira pessoa do Batman, onde boa parte das edições podemos ver as dúvidas e a amargura que o personagem tem sobre sua volta, seus atos de vigilantismo e sobre sua relação com seus “super vilões”, como eram conhecidos antigamente.

A história é dividida em quatro pequenos arcos, sendo o primeiro contra o duas caras, o segundo contra o coringa, o terceiro contra o líder dos mutantes e o quarto contra o superman. Em cada um deles podemos ver as atitudes do Batman ficando mais decididas e sua imagem ser mais defendida pelo povo e mais atacada pela mídia e pela polícia.

O primeiro arco mostra um Harvey Dent aparentemente curado de sua dualidade, depois de uma cirurgia estética que reconstrói sei rosto e que foi financiada pelo próprio Bruce Wayne, no entanto, após Harvey desaparecer o próprio Batman parte em busca do ex-amigo, e no confronto final percebe que mesmo que o rosto dele esteja curado, seu interior está completamente destruído. Nesse momento tem a narração do Batman em que ele afirma que vê seu reflexo quando olha para Harvey naquele estado, então o leva preso.

O segundo arco retrata a luta do morcego contra o líder da gangue mutante, em que num primeiro momento o morcego ser deixa levar e é completamente derrotado pelo líder dos mutantes, que é superior em força física e vigor.

Já no segundo momento, tendo percebido que sua maior arma sempre foi sua inteligência, o Batman derrota o inimigo na frente de seus subordinados, fazendo com que ele perca a moral e seja preso sem chance de escapar.

No terceiro arco, o coringa, que estava catatônico desde que o Batman se aposentou, acorda depois de  ouvir notícias do retorno do morcego, e então aceita a proposta do já sem crédito doutor Wolper de ser o entrevistado de um programa de auditório para atestar a opinião do doutor de que a culpa de toda a loucura de Gotham é do Batman.

Chegando no programa, o coringa mata todos da na sala e foge para um parque de diversões, sendo perseguido pelo Batman, e depois de uma luta por todo o parque, Batman chega ao ponto de quase quebrar o pescoço do coringa, mas não o faz, apenas deixando ele tetraplégico.

No final o coringa afirma que está decepcionado e que venceu a disputa dos dois, por ter feito o Batman chegar em seu limite. Assim, o coringa termina de quebrar seu pescoço torcendo ele ainda mais pro lado e morre, deixando um Batman velho e ferido que ateia fogo no corpo.

Nessa parte é importante notar que a luta final se passa dentro do túnel do amor, meio que pra representar o sentimento que Frank Miller atribuída ao coringa pelo Batman, além de o coringa falar várias vezes que “ama” o Batman (no sentido de que ambos são opostos e um não vive sem o outro).

Um ponto que merece ser ressaltado é que no decorrer da história, a situação política dos estados unidos internacionalmente vai piorando, e no final do terceiro ato os soviéticos lançam um foguete nuclear que é impedido pelo superman mas que libera um enorme PEM que deixa todo os EUA no escuro e sob efeito de um inverno nuclear, nesse momento, os cidadãos de Gotham perdem o controle e começam a invadir e saquear lojas em busca de mantimentos e o caos se alastra pela cidade. O Batman então usa a antiga gangue mutante (que agora se denominam os filhos do Batman) e controla a situação alarmante da cidade.

No início do quarto ato, o governo americano, vendo que estava desmoralizado pelos atos do Batman envia o Superman para controlar o morcego. O Batman, esperando isso prepara todo um plano para impedir o Superman e conseguir se esconder fora da vista da sociedade. Nesse ato temos a clássica cena em que o Batman derrota Superman e fala aquela célebre frase para que o Superman não esqueça do homem que derrotou e que o fez sangrar.
Nesse momento, o Batman tem um ataque cardíaco e aparentemente morre.

No final tudo não passa de um plano e o Batman fica livre para continuar fazendo justiça definitivamente das sombras, que é o lugar ao qual ele pertence.

Essa HQ foi definitivamente um marco das histórias em quadrinhos, e algumas partes dela são usadas como inspiração para o próximo filme da DC comics que é Batman v superman: dawn of justice.

Agora respondendo a pergunta que o Gustavo me fez durante os emails do nivecast #8 (colocar o link), Frank Miller perdeu a noção de tudo após os atentados do 11 de setembro. Afinal, patriota como ele era, não é de se espantar que ele tenha perdido a linha e começasse a adotar uma postura pregando que todos os inimigos dos EUA tinham que ser destruídos e que todos os árabes eram terroristas. Uma BW que retrata bem o quanto ele ficou paranóico com isso é HOLLY TERROR, que era pra ser uma HQ do Batman, mas que não foi aceita por basicamente mostrar o Batman espancando terroristas, então Frank Miller criou um novo personagem e lançou a HQ mesmo assim, só mudando os nomes.        61DZr27nTEL._SX258_BO1,204,203,200_

E sobre DK2, aquela revista polêmica que saiu em 2000?

Oras, se eu tivesse puto com a vida e de saco cheio e me oferecessem um milhão de dólares pra fazer uma continuação só por obrigação, é óbvio que eu ia aceitar, mas também é claro que eu ia zoar com geral, igual ele fez com essa história, que eu acho que tem um enredo muito bom apesar dos desenhos serem lastimáveis.

Pra você que chegou até aqui, muito obrigado, quaisquer críticas e sugestões é só mandar lá no meu TWITTER. obrigado por lerem e darem essa força, beijos e abraços seus lindos, boas aulas e até o próximo domingo.