Batman vs Superman – Crítica

24 de março de 2016

A sisudez de Batman vs Superman não prejudica o filme; dá o tom do Universo DC no cinema

O filme começa com ares sombrios ao mostrar a clássica morte dos pais de Bruce Wayne (Ben Afleck) nos becos de Gotham City. Escuridão essa, que já nos primeiros momentos, serve para dar o tom de vários elementos do filme: um Batman atormentado e raivoso e um Superman culpado e inseguro.

Ao abordar a calamidade sofrida por Metrópolis em O Homem de Aço sob o ponto de visto de Bruce Wayne, Zack Snyder escolhe dar sequencia aos acontecimentos do filme anterior ao mesmo tempo em que introduz o Batman. Escolha acertada. Na calamidade de Metrópolis temos um vislumbre do impotente Morcego de Gotham. O grande combatente do crime é apenas um mero mortal numa batalha entre deuses. Nesse momento, temos a motivação que Batman precisa para o embate que dá nome ao filme.

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Enquanto isso, o Superman de Henry Cavill é um Deus atormentado pelas vidas que não conseguiu salvar, ou pior, pelas vidas que suas próprias ações tiraram. Clark Kent vive entre o estigma de ser um Deus, aquele que todos precisam, mas enquanto jornalista do Planeta Diário, persegue as ações do vigilante de Gotham. Com o Superman, Zack Snyder e o próprio Henry Cavill, conseguem mostrar diferentes fases do herói durante o filme. O Superman como ícone, símbolo de heroísmo. O Superman inseguro de seu heroísmo e também o Superman maléfico, embriagado de poder. Nunca pensei que fosse sentir medo de um olhar do Superman.

Apesar de o primeiro ato do longa ser um pouco devagar para se desenvolver, a trama se desenrola muito bem. A todo momento antagonizando os dois maiores heróis de todos os tempos.

Lex Luthor (Jesse Eisenberg) é o elo de vilania que une esses dois personagens psicologicamente afetados pelos seus atos e pelas coisas que representam. As diferenças entre Batman e Superman são impulsionadas por um Lex Luthor psicótico, paranoico, engraçado e maquiavélico. A trama maligna que Lex manipula nos bastidores joga, propositadamente, os dois heróis um contra o outro. Algo que seria perfeito para o Coringa, mas que se encaixou em Lex Luthor.

A trama envolvendo Lex serviu também para apresentar a Diana Prince, também conhecida como Mulher-Maravilha (Gal Gadot). O carisma e a interpretação de Gal Gadot fazem o espectador acreditar que estão conhecendo a Mulher-Maravilha. Com ares que, por vezes, lembram o de uma espiã, mulher fatal mesmo, Diana Prince surge como uma das melhores peças do filme. E quando enfim a vemos em batalha, já vestida como Mulher-Maravilha, temos sem dúvida um dos momentos mais marcantes do filme e do cinema de super-heróis. Ao presenciarmos, sem grandes fanservices, a trindade da DC Comics em batalha a sensação é impressionante.

O filme caminha para o fim com um Superman mais heroico do que todo o restante do filme. O mesmo vale para o Batman, que já não guarda tanto ódio e rancor por seu colega de capa vermelha. O amanhecer da justiça acontece de maneira emocionante e tocante. O Superman, que foi uma figura dividida durante o filme, tem sua redenção sob olhos admirados do Batman, da Mulher-Maravilha e de todo o mundo.

O filme cumpre bem o seu papel de abrir e introduzir o Universo DC nos cinemas. O melhor de tudo é que Zack Snyder conseguiu dar um tom próprio a seu filme, tanto estético quanto narrativo. Tom que deve guiar, ou ao menos influenciar, os filmes que virão.